sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Almoço no Terminal

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Fui almoçar hoje em um dos lugares da minha preferência. Na verdade é o lugar onde eu quase sempre prefiro almoçar quando estou fora de casa. Restrigindo mais, quando estou na universidade, afinal é aqui perto.

É importante comentar o lugar. Ele é conhecido entre meus colegas como "O Irmão", isso porque o homem que atendia era evangélico, mas ele sumiu de lá faz alguns meses e não tive mais notícias. O importante foi que ficou a irmã que faz o feijão. É o melhor feijão que já comi por aí, se bem que hoje não tava a mesma coisa - tem isso às vezes.
No mais é também curioso o estalecimento físico onde funciona O Irmão. Fica na calçada, colado ao muro da universidade, ao lado do terminal de ônibus da linha "Dois Irmãos(Rui Barbosa)"- coincidência?
O Irmão é rodeado de grades formando dois ambiente para as mesas onde se almoça. Ambientes estes separados pelo quiosque onde fica a cozinha e o balcão de atendimento. Por ser situado na calçada tem a responsabilidade social de não atrapalhar a vida dos pedestres, e não atrapalha deixando o espaço ideal para os transeuntes e passageiros do Dois Irmãos(Rui Barbosa) que esperam seu ônibus.

Dada essa larga introdução quero comentar as coisas que pesquei da conversa dos cobradores e motoristas que estavam almoçado lá. Eles não se tratam como uma pessoa só, mas como o par. Por exemplo:

- Vou ver se trabalho amanhã pra folgar domingo.
- E vocês vão fazer o que domingo?
- ...

Ou seja, cada cobrador é diretamente associado ao seu motorista e vice-versa.

- ...
- Eu sou evangélico.
- E Márcio é evangélico também?
- Não, ele né não, ele é carismático.

Veja só, o outro nem está na conversa, sequer perto, mas é referenciado o tempo todo. Vi vários exemplos e fiquei admirado com a indissociabilidade dessas pessoas.

No mais a comida estava boa, vieram quatro pedaços grandes de galinha guisada, todos maciços - maciço neste contexo significa sem ossos.
Confesso que dava para duas pessoas almoçarem esse prato que custou R$ 4,00.
E espero levar meu pai lá um dia para provar do feijão, como fiz com tantos amigos

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2 comentários:

Teresa Azambuya disse...

Conheço de perto outro contexto de indissociabilidade,em que as pessoas se designam enquanto pares: os políticos. Muitos dizem: "nós vamos providenciar o asfaltamento daquela rua" blá blá blá (referindo-se a si mesmos, deveriam dizer "eu vou providenciar). Nesse caso, no entanto, o par é imaginário. Resta saber se é porque são políticos e precisam de alguém na manga para atribuir a culpa, quando forem acusados de algo... Bjs.

Tiago Buarque disse...

Par imagináriofoi ótimo hehehehehhehe