domingo, 30 de março de 2008

Festa do Sombarato

Pra quem não conhece http://sombarato.blogspot.com/ é o melhor repositório de música nacional que eu conheço e já no ar faz mais de ano. Então a festa de um ano, um pouco atrasada vai ser agora em abril, dia cinco, no Quintal do Lima, Rua do Lima.

"Perfeição não é a melhor estratégia."

Esse aqui eu dedico a Marcos Aurélio (maas).

Bom na verdade vou tentar dizer o que ele me disse. Foi mais ou menos o seguinte: "Perfeição não é a melhor estratégia." E se queixou de passar muito tempo procurando soluções perfeitas e desse modo não resolver nada na prática. E começou a ver que soluções simples resolvem um problema.
Mas é isso mesmo. Que adianta uma solução perfeita se ela é cara demais. E uma mulher perfeita, se inacessível. Existe uma janela de tempo, isto é, um limite de espera. Existem outras limitações além do tempo, tais como dinheiro, paciência, falta de espaço, força fisica etc. Imagine, por exemplo, que virou um caminhão de chocolate, não dá pra levar tudo porque cada um tem um limite e pode levar o máximo. E aí é que tá? O perfeito é você trazer um caminhão com carregadores e pegar todo o chocolate, mas você nunca vai fazer isso, simplismente não vai. Mas daí vai lá, pega, sei lá, umas dez barras e vai ficar muito satisfeito. Porque resolveu o problema que tinha pra resolver dentro dos limites estamelecidos. É como se fossem a regra de um jogo. Simplismente nossa liberdade é limitada. Não dá pra fazer tudo o que queremos e a solução perfeita mesmo é aquela que funciona.
A gente tem mesmo é que resovler os problemas, nosso problemas pessoais, de casa, dos lugares que a gente freqüênta, do mundo, talvez, ou não -hehehhe. Resolver da melhor maneira possível (POSSÍVEL). Nunca, jamais ser mediocre, mas perfeccionismo demais acaba fazendo com que as coisas se tornem inúteis, quer dizer, elas deixam de acontecer.
Bom, melhor fazer de verdade, ainda que não seja lá essas coisas, do que saber fazer muito bem e não fazer nada.
Espero que não tenha ficado muito abstrato. Ainda que tenha ficado até um pouco difícil de entender, fiz esse post consciente de que foi o melhor possível.

Sapatos Apertados

Não sei se já falei disso antes aqui no blog, mas se ligue, de toda a forma, merece um post só pra isso. A alegria é uma conseqüência de coisas como sapatos apertados. Quem já não conhece essa história:
- Adoro usar sapatos apertados!
- Como assim? O quê?
- Adoro usar sapatos apertados. Eles incomodam e doem um pouco enquanto estou usando, mas quando chego em casa, no final do dia... É nessa hora que eu esperava tanto que sinto a recompensa: que prazer tiraro sapato.

É, "o melhor tempero é a fome". També tem um pagodão desses chatos que diz: "É preciso perder pra aprender a valorizar". Ditos populares. Mas de cunho humano básico. A gente se sente mais feliz quando as coisas melhoram. Se for tudo bom sempre, não tem graça. Os problemas, os desafios tem suas utilidades. Eles motivam, fazem-nos chegar mais perto dos nosso limites. Assim, bom, são bons também. Não tem outra forma de concluir um trabalho difícil se não fizer e a satisfação é proporcional à dificuldade.
Mas é preciso também conhecer nossos limites. Não se pode exigir de mais, se matar, por exemplo. E nunca, nunca mesmo, se esquecer onde quer chegar. Se a gente sabe aonde vai sabe tomas a decisões certas e sabe continuar mesmo com os pés inchados e os sapatos apertados.

Bom, é muito bom tirar os sapatos apertados com certeza de estamos em casa.

Tiago Buarque


Foto da rua atrás do CAC (Centro de Arte e Comunicação) a rua do bar Cavanhaque e do bar Bigode - sugestivo não? Acontece que tava muito cheio esse dia, os jovens estavam tomando a rua em nome de ideais como álcool e sexo.
É uma rua muito larga e e comprida, tem muitos postes e postes muito altos.
(foto de Bruno Correia "Bahiano")


Foto do Galpão do Mestrado do CIn - um lugar cheio de postes.
(foto de Rômulo Bruno)

sábado, 29 de março de 2008

lluvia - Por Juan Gelman

chuva

hoje chove muito, muito,
e parece que estão lavando o mundo.
meu vizinho do lado contempla a chuva
e pensa em escrever uma carta de amor/
uma carta à mulher que vive com ele
e cozinha para ele e lava a roupa para ele e faz amor com ele/
e parece sua sombra/
meu vizinho nunca diz palavras de amor à mulher/
entra em casa pela janela e não pela porta/
por uma porta se entra em muitos lugares/
no trabalho, no quartel, no cárcere,
em todos os edifícios do mundo/
mas não no mundo/
nem numa mulher/nem na alma/
quer dizer/nessa caixa ou nave ou chuva que chamamos assim/
como hoje/que chove muito/
e me custa escrever a palavra amor/
porque o amor é uma coisa e a palavra amor é outra coisa/
e somente a alma sabe onde os dois se encontram/
e quando/e como/
mas o que pode a alma explicar?/
por isso meu vizinho tem tormentas na boca/
palavras que naufragam/
palavras que não sabem que há sol porque nascem e morrem na mesma noite em que amou/
e deixam cartas no pensamento que ele nunca escreverá/
como o silêncio que há entre duas rosas/
ou como eu/que escrevo palavras para voltar
ao meu vizinho que contempla a chuva/
à chuva/
ao meu coração desterrado/


lluvia

hoy llueve mucho, mucho,
y pareciera que están lavando el mundo.
mi vecino de al lado mira la lluvia
y piensa escribir una carta de amor/
una carta a la mujer que vive con él
y le cocina y le lava la ropa y hace el amor con él
y se parece a su sombra/
mi vecino nunca le dice palabras de amor a la mujer/
entra a la casa por la ventana y no por la puerta/
por una puerta se entra a muchos sitios/
al trabajo, al cuartel, a la cárcel,
a todos los edificios del mundo/
pero no al mundo/
ni a una mujer/ni al alma/
es decir/a ese cajón o nave o lluvia que llamamos así/
como hoy/que llueve mucho/
y me cuesta escribir la palabra amor/
porque el amor es una cosa y la palabra amor es otra cosa/
y sólo el alma sabe dónde las dos se encuentran/
y cuándo/y cómo/
pero el alma qué puede explicar/
por eso mi vecino tiene tormentas en la boca/
palabras que naufragan/
palabras que no saben que hay sol porque nacen y mueren la misma noche en que amó/
y dejan cartas en el pensamiento que él nunca escribirá/
como el silencio que hay entre dos rosas/
o como yo/que escribo palabras para volver
a mi vecino que mira la lluvia/
a la lluvia/
a mi corazón desterrado/



Do livro:
<< "Chuva" e outros poemas >> de Juan Gelman

O Sinal de Maior Que

Recife, 27 de março de 2008.


É o seguinte: agora a pouco propus a meu amigo Figueredo - "meu amigo Figueredo" é uma expressão que consta, no meu incociente e de algumas outras pessoas, com uma rima bem rica, ébria e obscena - ... pois bem, agora a pouco propus, a meu amigo Figueredo, escrevermos um texto em conjunto. Por quê?

Ora, enquanto cientista justificativas são elementos centrais no meu trabalho, mas fora disso, principalmente quando estou escrevendo, justificativas são completamente desprezáveis e algumas vezes até desprezíveis. Que ser humano, no mais íntimo do seu ser, precisa de justificativas? Mas eu quero dar uma justificativa pelo simples motivo - olha aí mais uma justificativa, uma meta justificativa talvez - ... eu quero dar uma justificativa porque: eu quero - eis o motivo mais importante de todos os motivos e justificativa adequada para quase tudo. Outro motivo pelo qual quero dizer por que quero escrever esse texto junto com o Figueredo é que tem a ver com o meu problema de responder emails grandes. O problema que apareceu quando eu estava escrevendo pro Sid Clapis no dia 24 passado. - Dia 24 hein? heheheheh - . Pois é, o Figa (diminuto de Figueredo - e o Figueredo já é pequeno e ainda tem diminutivo. Curioso fato) ... o Figa leu o post - "Email ao Sid Clapis - 24 de março de 2008" - e disse que:

" [...] e aquela sua indagação sobre o email ficar ao lado enquanto vc escreve
tem uma solução
mt utilizada inclusive
vc vai respondendo no meio do texto [...]"

E complementou:

"[...] quando vc for responder um email, o emai lpara o qual tá respondendo já vem na mensagem com um ">" precedendo cada linha
aí vc escreve no meio disso
e vai comentando/respondendo cada parte [...]"



Quer dizer: era tão óbvio assim?


hun?


Sinceramente, apesar de ter colado grau semana passada, ser um reconhecido Bacharel em Ciências da Computação, num centro de excelência - eles dizem, eu repito. Até mesmo porque eu só tenho a ganhar com isso. - ... pois é, nesse centro de excelência eu continuo alheio às novidades mais úteis da tecnologia. Nessas horas é que eu me pergunto: como vou poder ajudar alguém com o que eu aprendi? Como vou enriquecer a sociedade? - percebam que omiti propositalmente a pergunta: o que realmente eu aprendi? - Deixemos um pouco de lado esses questionamentos voltemos às banalidades: quer dizer que esses sinaizinhos chatos, assim ">", eram pra isso? Eles estavam ali o tempo todo com a solução pra um problema que eu ainda iria ter, mas enquanto eu não descobria a solução eles eram um grande problema pra mim. E eis uma grande revelação: o que mais na vida, na vida prática, no dia-a-dia etc. ... o que mais nessa bendita vida é uma grande solução que só tem sido problema até agora?


Tiago Buarque

quinta-feira, 27 de março de 2008

a água voltando para o mar

a água voltando para o mar

e no meio do caminho

se escondendo no cantinho

como quem não quer voltar

e o vento com carinho

enxugando de mansinho

o corpo que não quer secar

o Sol, o sal, a areia

têm um cheiro só

e a morena de dar dó

fungou no meu cangote

ai meu Deus, como eu tenho sorte!


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Essa poesia fiz com o Figa. O Fernando Valeriano, o Sid Clapis, o Japonês e a Natália também estavam lá, talvez mais alguém que não me lembro. A gente tava atrás do Burburinho, tomando cerveja, ouvindo a banda. Também tentamos, eu e o Japonês, paquerar a namorada do baterista através da grade - isso antes de descobrirmos que era namorada dele, esse fato justificou a atenção q ela prestava na bateria mesmo na hora dos solos de guitarra, onde pelo menos o guitarrista delirava. Bom, uma dada hora, foi saindo um verso e outro e escrevemos no verso da comanda da Taqueria, onde estávamos tomando tequila antes - várias tequilas, muitas mesmo.

- Pensando bem, "[...] foi saindo um verso e outro e escrevemos no verso da comanda [...]" diz alguma coisa a mais, tipo: escrever o verso no verso. Fico pensando: de onde surgiu a palavra verso? Será que não era uma idéia repentina e por ser assim tão rápida era também passageira e era preciso anota-la logo em algum lugar? Num verso de alguma coisa mais próxima? Pois bem, se era assim, fizemos versos num estilo bem tradicionais.

Isso foi 12 de janeiro de 2007. Era a época em que eu ia com freqüência à praia e já havia me embreagado na praia pela manhã com cerveja, me recuperado a tarde e ainda tive essa noite maravilhosa. Felizmente não bebo mais como naquela época. :D Por sinal nessa mesma noite me pendurei nalgum carro cheio de gente onde estavam indo embora a meninas que dividiam a casa com o Sid, incluindo aquela q passou pouco tempo e que falava com a Lua.

Tiago Buarque

quarta-feira, 26 de março de 2008

Email ao Sid Clapis - 24 de março de 2008

(o reply do gmail, a cultura e a transmissão da técnica, a lingua, os índios Tupy, a comunicação e arte)

[...] Estou muito curioso para saber dessas suas novas idéias...
acho q o gmail devia ter um recurso de resposta de email longo que associasse a mensagem recebida com a resposta. Assim eu poderia escrever numa janela ao lado ao invés de embaixo e vc poderia saber exatamente a que estou me referindo. E, principalmente, eu me lembraria das inúmeras perguntas que foram surgindo durante a leitura. Bom, talvez haja algo enriquecedor nesse jeito arcáico. Os Jeito tradicionais de se fazer as coisas sempre têm um ensinamento utilíssimo que se aplica a numerosas outras coisas na vida. Por exemplo: se eu lesse emails grandes com freqüência provavelmente teria uma memória melhor para saber o q comentar depois. Bem, já quem eu não leio... tenho uma capacidade imensa de evasão do assunto. De modo que fiz uma bela introução para um outro assunto: existe um ensinamento muito grande em todas a pequenas coisas de uma cultura. O modo de se fazer uma dada tarefa, principalmente as mais simples, é completamente atrelado a todos os outros aspectos da vida cotidiana ( da vida cotidiana da época em que aquilo começou a ser feito). É claro que as coisas mudam com o tempo, conforme a necessida. A necessidade faz surgir a maioria das coisas e a maioria das mudanças. Porém, se uma coisa está funcionando bem do jeito q está, nunca vai mudar. O elemento mais representativo de uma cultura - e por conseguinte do modo de se fazer as coisas acumulado - é a Lingua. Por esse mesmo motivo supra citado (não sei se escreve-se assim mesmo ou é junto, essa palavra me veio a mente agora e quer dizer, muito provavelmente vc sabe: citado acima). "Supra citado" é um exemplo de expressão que cai em desuso, talvez, exceto no ramo jurídico. Uma expressão, uma técnica, um traço cultural qualquer desaparece quando deixa de ser útil, cotidano e prático. Mas continuando a frase acima: "Por esse mesmo motivo supra citado"... os índios Tupy (índios caramujos que atulmente estão no RJ mas que vivem rondando com a tribo toda pelo Brasil e terras adjacentes). "Por esse mesmo motivo supra citado os índios Tupy " ... (agora vai) têm a Língua com uma dimensão do ser humano. Tal como outras crenças têm alma e espírito cada ser Tupy tem uma Lingua, a saber o Tupy. E foi essa visão deles que me deu esse ponto de vista: a Lingua guarda toda a história da civilização que a utilizou. Não só uma história morta, mas principalmente uma história, prática (pragmática), de uso, de um povo que usou durante milênios o idioma como ferramenta para: comunicar-se com os colegas de trabalho, com os colegas de escola, comunicar-se com o pai, a mãe, os irmãos e demais familiares, comunicar-se com a namorada, comunicar-se com os amigos, comunicar-se com a prefeiruta, com os comerciantes, com os animais, com as autoridades e com os ébrios da rua. A ligua foi utilizada, maltratada e concerta em relação a Deus Sabe o Quê etc. De forma que em milênios, talvez milhões de anos (é o mais provável) sons e suas notações escritas transmitiram o sentimento do homem em relação ao mundo e às outras criaturas. Desde os zumbidos do primeiros homens que pareciam com macacos até os mais conteporâneos que parecem com frangos, passando por aqueles que se pareciam com bois, cavalos e outros bichos. A lingua ajudou o homem a viver, sobreviver, transmitir conhecimento e por conseguinte produzir mais conhecimento com base naquilo que já se conhecia e foi comunicado pelas gerações anteriores. (Leipzig(ou seja lá como se escreva) tem uma importância histórica absurda na escrita). Mas principalmente pessoas amaram, sofreram, choraram, contram suas dores de cotovelo e celebraram as alegrias com a sua ligua e por mais meloso que isso pareça isso é o traço mais marcante do ser humano e foi revelado pela cultura: "o ser humano é um ser social". Confesso que na quarta-série, 1994, eu tinha 9 anos e disse pra minha professora de catessismo, Irmã Helena, que entendi essa frase(que era o resumo da aula), mas eu não tinha entendido absolutamente nada e por isso eu lembro tão bem. Algum filósofo alemão, que não lebro o nome transmmitiu através desse idioma que vc está falando que ao "perceber-se diferente do resto da natureza, o homem se sentiu só". Ora, sentindo-se só, talvez por instindo de sobrevivência o homem vai ao encontro dos outros homens e principalmente vai ao encontro das mulheres. Mas como comunicar que ele se acha DIFERENTE, e talvez essa tenha sido a primeira palavra abstrata (a concreta pode ter sido algo com "haaaan" que na verdade era mais um bafo quente e queria significar fogo). De modo que o homem quer anular essa diferença em relação ao mundo a sua volta, quer comunicar-se ao outro e quer saber do outro e espera se encontrar lá(nele, nela, neles, nelas). Esse segundo motivo é o que eu chamo de arte e é por isso que eu escrevo. Alguns chamam de arte o primeiro motivo. São bem semelhante e muitas vezes acabam dando no mesmo. Na verdade eu escrevo pq não sei fazer música, até sei fazer letra, baseado em melodias que geralmente eu invento, mas não sei tocar e fica só a letra mesmo. E qual era o tópico inical desse parágrafo mesmo? Me esqueci das pergutas que iria fazer em relação ao seu email. [...]

Tiago Buarque