domingo, 30 de março de 2008
Festa do Sombarato
"Perfeição não é a melhor estratégia."
Bom na verdade vou tentar dizer o que ele me disse. Foi mais ou menos o seguinte: "Perfeição não é a melhor estratégia." E se queixou de passar muito tempo procurando soluções perfeitas e desse modo não resolver nada na prática. E começou a ver que soluções simples resolvem um problema.
Mas é isso mesmo. Que adianta uma solução perfeita se ela é cara demais. E uma mulher perfeita, se inacessível. Existe uma janela de tempo, isto é, um limite de espera. Existem outras limitações além do tempo, tais como dinheiro, paciência, falta de espaço, força fisica etc. Imagine, por exemplo, que virou um caminhão de chocolate, não dá pra levar tudo porque cada um tem um limite e pode levar o máximo. E aí é que tá? O perfeito é você trazer um caminhão com carregadores e pegar todo o chocolate, mas você nunca vai fazer isso, simplismente não vai. Mas daí vai lá, pega, sei lá, umas dez barras e vai ficar muito satisfeito. Porque resolveu o problema que tinha pra resolver dentro dos limites estamelecidos. É como se fossem a regra de um jogo. Simplismente nossa liberdade é limitada. Não dá pra fazer tudo o que queremos e a solução perfeita mesmo é aquela que funciona.
A gente tem mesmo é que resovler os problemas, nosso problemas pessoais, de casa, dos lugares que a gente freqüênta, do mundo, talvez, ou não -hehehhe. Resolver da melhor maneira possível (POSSÍVEL). Nunca, jamais ser mediocre, mas perfeccionismo demais acaba fazendo com que as coisas se tornem inúteis, quer dizer, elas deixam de acontecer.
Bom, melhor fazer de verdade, ainda que não seja lá essas coisas, do que saber fazer muito bem e não fazer nada.
Espero que não tenha ficado muito abstrato. Ainda que tenha ficado até um pouco difícil de entender, fiz esse post consciente de que foi o melhor possível.
Sapatos Apertados
- Adoro usar sapatos apertados!
- Como assim? O quê?
- Adoro usar sapatos apertados. Eles incomodam e doem um pouco enquanto estou usando, mas quando chego em casa, no final do dia... É nessa hora que eu esperava tanto que sinto a recompensa: que prazer tiraro sapato.
É, "o melhor tempero é a fome". També tem um pagodão desses chatos que diz: "É preciso perder pra aprender a valorizar". Ditos populares. Mas de cunho humano básico. A gente se sente mais feliz quando as coisas melhoram. Se for tudo bom sempre, não tem graça. Os problemas, os desafios tem suas utilidades. Eles motivam, fazem-nos chegar mais perto dos nosso limites. Assim, bom, são bons também. Não tem outra forma de concluir um trabalho difícil se não fizer e a satisfação é proporcional à dificuldade.
Mas é preciso também conhecer nossos limites. Não se pode exigir de mais, se matar, por exemplo. E nunca, nunca mesmo, se esquecer onde quer chegar. Se a gente sabe aonde vai sabe tomas a decisões certas e sabe continuar mesmo com os pés inchados e os sapatos apertados.
Bom, é muito bom tirar os sapatos apertados com certeza de estamos em casa.
Tiago Buarque
sábado, 29 de março de 2008
lluvia - Por Juan Gelman
chuva
hoje chove muito, muito,
e parece que estão lavando o mundo.
meu vizinho do lado contempla a chuva
e pensa em escrever uma carta de amor/
uma carta à mulher que vive com ele
e cozinha para ele e lava a roupa para ele e faz amor com ele/
e parece sua sombra/
meu vizinho nunca diz palavras de amor à mulher/
entra em casa pela janela e não pela porta/
por uma porta se entra em muitos lugares/
no trabalho, no quartel, no cárcere,
em todos os edifícios do mundo/
mas não no mundo/
nem numa mulher/nem na alma/
quer dizer/nessa caixa ou nave ou chuva que chamamos assim/
como hoje/que chove muito/
e me custa escrever a palavra amor/
porque o amor é uma coisa e a palavra amor é outra coisa/
e somente a alma sabe onde os dois se encontram/
e quando/e como/
mas o que pode a alma explicar?/
por isso meu vizinho tem tormentas na boca/
palavras que naufragam/
palavras que não sabem que há sol porque nascem e morrem na mesma noite em que amou/
e deixam cartas no pensamento que ele nunca escreverá/
como o silêncio que há entre duas rosas/
ou como eu/que escrevo palavras para voltar
ao meu vizinho que contempla a chuva/
à chuva/
ao meu coração desterrado/
lluvia
hoy llueve mucho, mucho,
y pareciera que están lavando el mundo.
mi vecino de al lado mira la lluvia
y piensa escribir una carta de amor/
una carta a la mujer que vive con él
y le cocina y le lava la ropa y hace el amor con él
y se parece a su sombra/
mi vecino nunca le dice palabras de amor a la mujer/
entra a la casa por la ventana y no por la puerta/
por una puerta se entra a muchos sitios/
al trabajo, al cuartel, a la cárcel,
a todos los edificios del mundo/
pero no al mundo/
ni a una mujer/ni al alma/
es decir/a ese cajón o nave o lluvia que llamamos así/
como hoy/que llueve mucho/
y me cuesta escribir la palabra amor/
porque el amor es una cosa y la palabra amor es otra cosa/
y sólo el alma sabe dónde las dos se encuentran/
y cuándo/y cómo/
pero el alma qué puede explicar/
por eso mi vecino tiene tormentas en la boca/
palabras que naufragan/
palabras que no saben que hay sol porque nacen y mueren la misma noche en que amó/
y dejan cartas en el pensamiento que él nunca escribirá/
como el silencio que hay entre dos rosas/
o como yo/que escribo palabras para volver
a mi vecino que mira la lluvia/
a la lluvia/
a mi corazón desterrado/
O Sinal de Maior Que
É o seguinte: agora a pouco propus a meu amigo Figueredo - "meu amigo Figueredo" é uma expressão que consta, no meu incociente e de algumas outras pessoas, com uma rima bem rica, ébria e obscena - ... pois bem, agora a pouco propus, a meu amigo Figueredo, escrevermos um texto em conjunto. Por quê?
Ora, enquanto cientista justificativas são elementos centrais no meu trabalho, mas fora disso, principalmente quando estou escrevendo, justificativas são completamente desprezáveis e algumas vezes até desprezíveis. Que ser humano, no mais íntimo do seu ser, precisa de justificativas? Mas eu quero dar uma justificativa pelo simples motivo - olha aí mais uma justificativa, uma meta justificativa talvez - ... eu quero dar uma justificativa porque: eu quero - eis o motivo mais importante de todos os motivos e justificativa adequada para quase tudo. Outro motivo pelo qual quero dizer por que quero escrever esse texto junto com o Figueredo é que tem a ver com o meu problema de responder emails grandes. O problema que apareceu quando eu estava escrevendo pro Sid Clapis no dia 24 passado. - Dia 24 hein? heheheheh - . Pois é, o Figa (diminuto de Figueredo - e o Figueredo já é pequeno e ainda tem diminutivo. Curioso fato) ... o Figa leu o post - "Email ao Sid Clapis - 24 de março de 2008" - e disse que:
" [...] e aquela sua indagação sobre o email ficar ao lado enquanto vc escreve
tem uma solução
mt utilizada inclusive
vc vai respondendo no meio do texto [...]"
E complementou:
"[...] quando vc for responder um email, o emai lpara o qual tá respondendo já vem na mensagem com um ">" precedendo cada linha
aí vc escreve no meio disso
e vai comentando/respondendo cada parte [...]"
Quer dizer: era tão óbvio assim?
hun?
Sinceramente, apesar de ter colado grau semana passada, ser um reconhecido Bacharel em Ciências da Computação, num centro de excelência - eles dizem, eu repito. Até mesmo porque eu só tenho a ganhar com isso. - ... pois é, nesse centro de excelência eu continuo alheio às novidades mais úteis da tecnologia. Nessas horas é que eu me pergunto: como vou poder ajudar alguém com o que eu aprendi? Como vou enriquecer a sociedade? - percebam que omiti propositalmente a pergunta: o que realmente eu aprendi? - Deixemos um pouco de lado esses questionamentos voltemos às banalidades: quer dizer que esses sinaizinhos chatos, assim ">", eram pra isso? Eles estavam ali o tempo todo com a solução pra um problema que eu ainda iria ter, mas enquanto eu não descobria a solução eles eram um grande problema pra mim. E eis uma grande revelação: o que mais na vida, na vida prática, no dia-a-dia etc. ... o que mais nessa bendita vida é uma grande solução que só tem sido problema até agora?
Tiago Buarque
quinta-feira, 27 de março de 2008
a água voltando para o mar
e no meio do caminho
se escondendo no cantinho
como quem não quer voltar
e o vento com carinho
enxugando de mansinho
o corpo que não quer secar
o Sol, o sal, a areia
têm um cheiro só
e a morena de dar dó
fungou no meu cangote
ai meu Deus, como eu tenho sorte!
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Essa poesia fiz com o Figa. O Fernando Valeriano, o Sid Clapis, o Japonês e a Natália também estavam lá, talvez mais alguém que não me lembro. A gente tava atrás do Burburinho, tomando cerveja, ouvindo a banda. Também tentamos, eu e o Japonês, paquerar a namorada do baterista através da grade - isso antes de descobrirmos que era namorada dele, esse fato justificou a atenção q ela prestava na bateria mesmo na hora dos solos de guitarra, onde pelo menos o guitarrista delirava. Bom, uma dada hora, foi saindo um verso e outro e escrevemos no verso da comanda da Taqueria, onde estávamos tomando tequila antes - várias tequilas, muitas mesmo.
- Pensando bem, "[...] foi saindo um verso e outro e escrevemos no verso da comanda [...]" diz alguma coisa a mais, tipo: escrever o verso no verso. Fico pensando: de onde surgiu a palavra verso? Será que não era uma idéia repentina e por ser assim tão rápida era também passageira e era preciso anota-la logo em algum lugar? Num verso de alguma coisa mais próxima? Pois bem, se era assim, fizemos versos num estilo bem tradicionais.
Isso foi 12 de janeiro de 2007. Era a época em que eu ia com freqüência à praia e já havia me embreagado na praia pela manhã com cerveja, me recuperado a tarde e ainda tive essa noite maravilhosa. Felizmente não bebo mais como naquela época. :D Por sinal nessa mesma noite me pendurei nalgum carro cheio de gente onde estavam indo embora a meninas que dividiam a casa com o Sid, incluindo aquela q passou pouco tempo e que falava com a Lua.
Tiago Buarque
quarta-feira, 26 de março de 2008
Email ao Sid Clapis - 24 de março de 2008
[...] Estou muito curioso para saber dessas suas novas idéias...
Tiago Buarque