quarta-feira, 9 de abril de 2008

O Cérebro nosso de cada dia

Pois, enfim, meus amigos, e demais interessados - talvez amigos por afinidade de conteúdo, ou não. É chegada a hora de escrever mais um post, como uma rua toda de postes em paralelo, postes ligados por fios de alta tensão, ou não.
De fato uma coisa é certa, esses posts são todos de uma mesma origem: do nada. Podia-se até dizer que são meus, mas isso não é uma origem muito específica, como já deve ter ficado claro. Uma vez que acredito que o cérebro é, acima de tudo, uma máquina de gerar novas informações, uma máquina criativa. Quero que fique bem claro esse meu raciocínio: o cérebro funciona baseado num esquema de entrada e saída de informações. Onde as entradas são de duas origens bem distintas: interiores e exteriores. As saídas também podem ser divididas nesses dois tipos, interiores e exteriores.
Primeiro vamos ver o que são e como funcionam essas entradas e essas saídas. Depois veremos que o cérebro gera informações novas o tempo todo. Por final saberemos porque filtramos essas informações. Depois, como sempre, tentaremos mudar de assunto para manter o desvio de tema habitual.
As entradas exteriores são aquelas provenientes do mundo externo, isto é, do sinais recebido através dos sentidos - tato, paladar, olfato, visão e audição - e as informações processadas pelos sentidos, melhor dizendo, a interpretação desses sentidos e o mapeiamento entre os sentidos e o modelo mental do mundo que cada um tem. As entradas interiores são aquelas provenientes do cérebro mesmo, da memória armazenada desde o ventre materno: são os traumas, os medos, os sentimentos mais animais, as lembranças de cheiros e imagens, as coisas guardadas. Percebe-se que as entradas exteriores, por serem mapeadas no modelo do mundo, não são puramente exteriores, são uma interpretação do mundo exterior baseada nas coisas que já conhecemos.
Agora as saídas. As saídas interiores são pensamentos, indéias, sesassões, coisas dentro do cérebro. Já as saídas exteriores são ações do seu corpo baseadas no funcionemento do seu cérebro. As ações exteriores não estão restritas apenas a virar o olhos, fechar as palbebras, falar etc. mas englobam também doenças psicosomáticas, tais como a gastrite nervosa ocasionada pela produção excessiva se suco gastrico, produção devida à liberações desreguladas de hormônios quando o cérebro está desequilibrado, está nervoso nesse caso.
Bom, como o cérebro funciona, heim? O cérebro simplismente recebe entradas, mistura tudo, e gera saídas. Mas gera saídas o tempo todo. E gera saídas em cada uma das suas partes. O cérebro é composto por inúmeras partes que, apesar de se comunicarem, são responsáveis por saídas específicas. A ciência atual ainda discute muito sobre o cérebro e tenta definir bem suas partes, para não acabar com o trabalho dos nossos neurocientitas, vou me restringir a apenas duas parte do cérebro - na verdade dois grupos de partes: o autônomo e o crítico.
Como já disse, e quero que fique claro: o cérebro gera saídas o tempo todo. E é fácil perceber que recebe entradas o tempo todo também. Uma vez que gera as saídas baseadas nas entradas que recebe, e que gera saídas o tempo todo, faz-se necessário receber entradas o tempo todo para poder gerar essas saídas. E também é bom enfatizar que a maioria dessas entradas são, provavelmente, internas. E entradas internas são saídas de outras partes. Então, gera-se saídas o tempo todo e a maioria absoluta dessas saídas são entradas para de outras partes. Se você não entendeu esse paragrafo apenas se lembre que o cérebro gera saídas o tempo todo.
Vamos analisar agora as duas partes mais importantes do cérebro: o autônomo e o crítico. O autônomo é quem faz as coisas de verdade, é quem tem as idéias, é quem faz as saídas externas e internas, é quem faz surgir todos os pensamento em nossas cabeças, é quem tem os sonhos, é quem fica com raiva, tudo, tudo mesmo, é o autônomo. E basta o autônomo estar funcionando para que vivamos nossas vidas normalmente - é o que a maioria das pessoas faz. Mas o critíco é quem realmente faz a diferença. O crítico é cosciente. O crítico não faz nada a mais além de bloquear o autônomo. Opa! Não bloquear por medo, porque o medo pertence ao autônomo. No caso bloquear não é a palavra adequada, o mais correto seria: alterar o rumo.
O crítico altera o rumo. Por quê? Bom, espero que se lembre que o cérebro gera saídas o tempo todo. O cérebro fica funcionando sem parar, mas nem todos percebem isso porque o crítico cotrola isso. O crítico filtra, só deixa passar algumas coisas. Claro que isso também se deve ao evolucionismo. Uma vez que o autônomo gera muitas informações o tempo todo, e várias informações ao mesmo tempo e informações difícieis de mapear na vida real - como aquelas que vemos nos sonhos - não é útil à vida quotidiana.
Então o crítico é o bom senso, o senso comum etc. Mas o crítico também é "você", se você quiser. Como assim? Ora, o crítico permite uma reflexão sobre as coisas que ele conhece. Permitindo essa reflexão, se torna possível entender alguns pontos do seu funcionamento autônomo. Entendendo-se, é permitido julgar-se e modificar-se. Quer dizer que a partir do momento no qual uma pessoa começa a refletir sobre si própria, sobre as ações que deixou o autônomo excecutar, essa pessoa pode começar a escolher com consciência e clareza se quer continuar agindo daquele jeito ou tomar um rumo mais racional, mais próprio, baseado nas verdades que essa pessoa conhece. É isso que Nietzche quer dizer com "Torna-te quem és". E é isso que chamam de "Livre-Arbítrio", com isso quero dizer que uma escolha só é realizada quando se pensa sobre ela, sobre suas alternativas e decide por uma delas, livre de medo etc. (Fica claro, aqui, que não existe democracia no Brasil, uma vez que a maioria esmagadora dos eleitrores não escolhem os governante, pois não pensam.)
Nós, como seres pesantes, podemos pensar sobre qualquer coisa. Nós podemos pensar sobre nós mesmos. E pensando sober nós, podemos escolher quem somos, quem queremos ser. As máquinas não podem se modificar porque não recebem como entrada informações sobre elas mesmas, mas nós recebemos, nós somos conscientes.
Quero citar agora um conversa, que tive com Digão, sobre criatividade. É possível modificar o crítico inclusive no aspecto da filtragem de informação que ele faz. Se nos dedicarmos a considerar outras hipóteses como plausíveis o crítico vai deixando passar mais saídas do autônomo. Ou seja, é possível ser mais criativo apenas aceitando algumas idéias que você costuma rejeitar. Por que não aceitar todas? Só não tem idéias imbécis quem tem pouquíssimas idéias, ou nenhuma. Se você considerar uma idéia a priori, outras idéias vão passar pelo crivo do crítico e você pode analisá-las e trabalha-las com calma depois. Fazendo isso aumenta a chance de achar boas idéias. Do mesmo modo podemos considerar, além das idéias, as pessoas. Quanto menos preconceito podemos conhecer as pessoas melhor e decidir se são boas ou más para nossas vidas...
Embora tenha fugido ao tema menos do que queria, acho que esse post já está longo demais. Abraços a todos e até sexta-feira que vem.

4 comentários:

NandoLins disse...

Só não tem idéias imbécis quem tem pouquíssimas idéias, ou nenhuma
Coxa isso é alguma citação ou saiu da sua caxóla mesmo??
Fez o maior sentido!! e também fez eu me sentir menos idiota kkkkkkkkkkkkkkk

Tiago Buarque disse...

Nandolins, alguém pode ter dito isso antes de mim. Eu posso até ter visto em algum lugar e estar copiando incocientemente. Mas na verdade foi um exemplo que me veio na hora em que eu estava escrevendo. Se quer tinha pensado nisso antes.
P.S.: vc não é tão idiota quanto parece.

Unknown disse...

Eu já vi algo parecido, mas era mais ou menos assim: "Mais vale tentar e errar do que nunca tentar".

Talvez com essa entrada tbac, em sua rede neural real, gerou a saída:"Só não tem idéias imbécis quem tem pouquíssimas idéias, ou nenhuma."

Unknown disse...

Fernando é sim tão (quiçá mais) idiota do que parece :x