segunda-feira, 21 de abril de 2008

Mudando, ou não.



Resumo. Este texto vai tentar falar do fenômeno extraordinário de o ser humano querer mudar. Não falo das pessoas conscientes. Falo como as pessoas conscientes chegaram a tal ponto. Como o ser humano vence o medo de mudar? Como é que, inconscientemente, o desejo de mudar é mais forte que o medo? Qual o nome desse desejo?

Uma vez que você já leu o resumo não precisa ficar dizendo: "Porra, que texto grande! Nhen Nhen Nhen ...". Se você acha que tem mais letras escritas do que você consegue ler sem alterar seu pensamento estreito e pragmático. Se você não quer discutir, consigo mesmo, sua própria vida. Bom, se você tem receio ou acha um saco. Tudo isso é até normal. Ruim, mas natural. Bom, eu leria este texto, porque ele fala exatamente por que você diz isso.

A gente normalmente não suporta o mesmismo. Quer dizer, se for a mesma coisa sempre e não trouxer nenhuma alegria, é ruim. "Tava cansado de comer todo dia aquele feijão sem sal, aí vim aqui atrás de uma coisa diferente." "Não importa nem o que seja, sendo difrente tá bom."

Do mesmo modo ninguém quer sair de uma posição confortável. "Eu queria até tomar água, mas, se levantar do sofá, ela deita no meu lugar." "Eles estão colocando substâncias altamente nocivas nos cigarros, mas se eu denunciar esse fato os culpados vão negar tudo, me tirar todo o dinheiro, acabar com minha família, podem até tirar minha vida e, de todo modo, vão ficar impunes." E também tem aqueles versos da poesia Elegia 1938 do Drumond: "Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição/porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan."

Deixa eu ver se consigo, através do excesso de tentativas, fazer vocês entenderem o que eu penso. Os seres humanos - o mesmo que "nós" - tendem a procurar uma situação mais cômoda e permanecer nela. Nós procuramos um local pra nos recostarmos e passar ali o maior tempo possível. O maior tempo possível pode ser inclusive a própria eternidade, porque ninguém acha que vai morrer um dia. Vou repetir até pelo menos eu entender. Eu me viro na cama até achar uma posição boa pra dormir. Me remexo na cadeira do cinema até ficar confortável. Eu tinha problemas sérios - e quem não tem? - em acertar a quantidade de achocolatado para um copo de leite.
O problema é que ninguém agüenta, durante muito tempo, situações incômodas. O cômodo é o que permanece. E o incômodo é o que muda. Vamos assumir que, em uma situação qualquer, existem pontos cômodos e incômodos. Se você valoriza mais os pontos cômodos, vai resistir à mudança, pois tem medo de perder o que tem. Contudo, se o incômodo for maior, a situação se torna inaceitável. Daí você muda ou absorve isso. Absorvendo, adquire alguma doença mental ou outro problema qualquer.
Usemos como exemplo uma relação humana muito importante: o namoro. Se um namoro vai bem - é divertido, enriquecedor etc. - tem tudo pra continuar, pois as vantagens, as comodidades, são mais importantes do que os incovenientes. Porém chega um ponto em que o namoro tem incômodos mais importantes do que os benefícios. Você tem sempre uma pessoa com quem sair, alguém pra transar no fim-de-semana, mas você não se importa com essa pessoa, não se importa com as coisas que vocês dividem, e/ou brigam muito e perturbam suas Paz(es), ou nada de novo acontece etc. Talvez seja uma boa hora para refletir se vale a pena ficar junto. Porque, se não vale a pena, tudo pode ficar mais desagradável. Mantendo uma situação sem perspectiva com medo de perder aquelas comidades. Quando a situação se torna insuportável, agimos irresponsavelmente na ânsia de eliminar o mais rápido possível esse incômodo. Daí surge um problema: um namoro mal acabado.
Um dos principais motivos do medo de mudar é a dúvida de como será o futuro. "O que eu vou fazer se eu mudar e perder essas coisas que são certas e com as quais aprendi a viver? Tudo o que faço é baseado nessas coisas. É mais fácil conviver com esse problema do que começar uma coisa toda nova que pode não dar certo também." É até um tanto de preguiça. Vou contestar esse constestador: "Do mesmo modo que você aprendeu a viver com essas coisas, pode aprender a viver com as outras. Do mesmo modo que aprendeu a viver com essa pessoa, vai aprender a viver com outra. É até uma coisa que dá alegria: construir. E vai ter muito a construir. Na verdade, pensamos mais na obra feita do que na construção. Mas a ação de construir dá mais prazer do que a edificação já posta. Você vai experimentar novas coisas. Vai poder fazer tudo o que você já faz e já gosta de uma outra maneira, vai descobrir muito mais coisas - coisas das quais você goste ainda mais. E se o prazer é fazer aquilo que já está acostumado: você vai se acostumar com tudo depois. Você não vai precisar conviver com o(s) antigo problema(s). E quanto a dar certo: isso depende de quem?"
- Já disseram no comercial da Ford: "O novo é belo."
Boa sorte e coragem para todos nós!

3 comentários:

Tiago Buarque disse...

Graças ao Wumpus tomei bem mais cuidado na redação desse texto. Usando o dicionário inclusive. E pensei na clareza na exposição da idéia, eu costumava pensar nisso em todos os textos que escrevia exceto nesse blog. O caso da clareza no blog foi opinião do Jera. Valeu rapazes.

NandoLins disse...

ei pow peraí, tou começando um namoro agora... tá querendo me assutar é??
ehueheuheuehue {sabado? mr. vingança?}

Tiago Buarque disse...

Quer dizer...
para início de namoro isso não vale, ou vale tanto, mas a coisa é diferente: é tudo novo não há incômodo nenhum.
Sábado Mr. Vingança, talvez seja aqui em casa