O festival de circo acabou domingo passado
E o domingo passado acabou?
Quem passou correndo
Ficou para trás?
Tem algo por trás dessa coisa que entra e não sai
Que fica sem nunca ter chegado
E que se espera que volte, como se tivesse ido embora
Do mesmo jeito que essa hora
é ao mesmo tempo
o vir a ser da hora seguinte
e o deixar de ser do instante anterior
sem ser de fato momento algum
É como uma neblina de imagens, formas e sons
Passamos no meio
Tragando toda essa fumaça
Quem entra às vezes bem dentro dos pulmões
Mas que depois expiramos e voltamos a tragar novamente coisa qualquer
E nunca há de fato nada dentro ou através
Como uma música que não existia antes da primeira nota e
Desaparece na nota final
E é só um som transiente em cada instante infinitesimal
Que só faz sentido por causa do som anterior
E não faz sentido conceber essa quinta
sem a quarta, sem a terça...
sem o domingo passado
sem a sexta que vem
Um único longo momento
Impossível de sentir todo de uma vez só
E que não se reparte
.
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