sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Suco de Laranja

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é preciso espremer a laranja para que ela dê seu suco
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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

PORRA!

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PORRA!

À Seu Vaginí*


Nesse mundo,
No mundo dos animais e das coisas,
Tudo que está perto
Está de fato perto.

Mas os homens
Não habitam somente esse mundo.
Habitam também este aqui,
O mundo das filosofias,
Das histórias,
Das opiniões,
Dos fatos,
Dos ocorridos e dos por ocorrer,
Das receitas de remédio,
Das plantas de construção,
Das instruções de funcionamento de máquinas e atendimento ao cliente,
Dos pagamento de contas, do funcionamento bancário, etc.

Este mundo das idéias,
Que habitamos,
Cria realidades
Invisíveis
Impalpáveis
Incheiráveis
Pelos outros homens

De forma tal que
Se você está sentado ao lado de alguém
No ônibus
No consultório médico
Na sala de aula
No quarto ao lado
Ou no outro lado da cama
...
Se você está parado ao lado nesse
Mas vagando no mundo
De teorias imateriais,
Neste mundo,
Você só pode acreditar
Que está muito longe
E portanto:
Só.

Mais valeria encontrar-se à quilômetros de distância
Numa mesma cadeia de raciocínio.

Tal conclusão extra-lógia
Faz surgir um grito
Oco
(Como a masturbação no meio da tarde quando não se tem nada melhor pra fazer):
PÔOOOORRA!




*(Esta poesia é dedica ao pai de Mariri, cujo nome possui as vogais a e i, a letra v e a sílaba gi de modo que formei o anagrama vagini porque não consegui me lembrar do nome exato, apesar de ter perguntado repetidamente à várias pessoas. Seu Vaginí disse que eu tinha um bom raciocínio para as coisas matemáticas, mas não para a poesia. Lembrei disso quando estava escrevendo esta. Portanto a dedicatória. Também creio que o tema seja do seu interesse.)
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terça-feira, 27 de outubro de 2009

A vida e os dentes

a vida é que nem os dentes.. depois vc perde não tem mais.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Você que vai pra frente...

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Olhe essa estrada.
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Modelo Nacional

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Fazendo amor
com a bandeira do Brasil
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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

domingo passado

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O festival de circo acabou domingo passado
E o domingo passado acabou?
Quem passou correndo
Ficou para trás?

Tem algo por trás dessa coisa que entra e não sai
Que fica sem nunca ter chegado
E que se espera que volte, como se tivesse ido embora

Do mesmo jeito que essa hora
é ao mesmo tempo
o vir a ser da hora seguinte
e o deixar de ser do instante anterior
sem ser de fato momento algum

É como uma neblina de imagens, formas e sons
Passamos no meio
Tragando toda essa fumaça
Quem entra às vezes bem dentro dos pulmões
Mas que depois expiramos e voltamos a tragar novamente coisa qualquer
E nunca há de fato nada dentro ou através

Como uma música que não existia antes da primeira nota e
Desaparece na nota final
E é só um som transiente em cada instante infinitesimal
Que só faz sentido por causa do som anterior

E não faz sentido conceber essa quinta
sem a quarta, sem a terça...
sem o domingo passado
sem a sexta que vem

Um único longo momento
Impossível de sentir todo de uma vez só
E que não se reparte
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terça-feira, 6 de outubro de 2009

O amor de Lídio

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Pra aproveitar nome de carpinteiro e deixar o clima infantil o nome desse artesão é Gepeto. E ele tem uma loja de coisas de madeira, coisas que ele mesmo faz: cadeiras, mesas, estantes, armários, pranchas, brinquedos, carrinhos, piões. O Gepeto fabrica tudo, até piano. Essa loja fica perto de uma escola. E na escola estuda Carlos, Cláudio, Joaquim, Manuel, Alcides, Alceu, Álvaro, Antônio, outro Carlos, outro Pedro além daquele que saiu e se mudou pra outra cidade e ninguém tem mais notícia, Jaime, Jairo, Jorge e tantos mais. É uma escola só de rapazes. E osrapazes da escola tem o costume de passar na loja do bairro para olhar os brinquedos, as peças, os jogos e quebra-cabeças de madeira que Gepeto faz. Mas dificilmente algum dos rapazes compra o que quer que seja, pois eles são estudantes e não tem lá dinheiro que lhes permita gastos que não seja muito previamente programados. Noutro dia Jão comprou um pião, foi aquela sensação no pátio da escola, na hora do recreio, depois da aula, na casa dele à tarde, foi quase o mês todo aparecendo sempre alguém querendo brincar com o pião. Hoje, como era de se esperar, Jão não faz mais idéia de onde está o pião, onde foi parar, se alguém pegou emprestado, ou se devolveu, e se era legal mesmo botar ele pra rodar. Sabe-se somente que Jão teve um pião e não se lembra mais das caras. Sucedeu o mesmo quando Bartolomeu comprou um quebra-cabeça, quando Paulo comprou uma carroça, mas o jogo de damas que Pedro comprou, esse se usa ainda de vez em quando nos finaisdesemana. Mas Lídio tinha um sonho diferente, Lídio sempre quis o piano. Está bem que pra matar a anciedade ele comprou um carrinho, afinal de contas todo mundo tinha comprado um brinquedo na loja do Gepeto. Lídio gostou do carrinho, do carrinho e depois da flauta doce que ele também comprou lá. Mas continuou querendo o piano, ainda que essa vontade acalmasse um pouco por ocasião do período da novidade, enquanto ele desfrutava dos seus novos brinquedos. Opa! Tem um detalhe que pode passar despercebido, isso acontece quando a gente está muito envolvido na história e se esquece que o leitor pode não ter estado lá para saber de algo que é crucial: Lídio nunca viu o piano. Quer dizer ele só havia visto o piano por foto e desenho. Tinha ouvido do seu avô como era mágico o som do piano, e tinha lido sobre ele no livro. Aliás, foi por causa do piano que aprendeu a tocar a flauta doce, e que por conseguinte tocou trompete na banda da escola. Às vezes, Lídio duvidava da existência do piano, se precavia para não se decepcionar, e nem por isso o queria menos. Mas um dia chegou na escola um novo garoto, que veio da capital, o Marco. Ele era de outra turma, Lídio nunca havia reparado ele. Mas Marco estava para se tornar, sem querer, inimigo mortal e secreto de Lídio. Tudo aconteceu, quando numa sexta-feita a turma passou mais uma vez na loja de Gepeto. Como não tivessem mais nada de novo para observar e sentissem falta do dono da loja, um grupo foi lá pra trás, pra oficina de marcenaria. Em breves momentos voltam em correria e gritando: LídioLídio, Gepeto está fazendo um piano! Como? Um piano, ele está fabricando um piano! Não demorou nada pra que estivessem todos lá dentro, e abrindo passagem para Lídio se admirar. Perdeu o controle do queixo, que caiu olhando aquelas peças encostadas na parede. Quanto vai custar, Gepeto, esse piano? Não vai custar nada, heheh, este aqui já está pago, é muito caro fazer um piano, só posso fazer por encomenda. E o menino falou como se pensasse em voz alta, sem tirar a atenção das peças: um dia vou encomendar um piano pra mim também. Tomara filho, quem me dera eu pudesse fazer esse piano pra você, estou muito velho - tosse - este aqui é o último que faço. Ficou com cara de desapontado, pensando que, como seu pai, jamais sairia dessa cidade, e que não haveria mais Gepeto para lhe fazer um piano, e que mesmo se houvesse não teria dinheiro para encomendar um, como seu pai nunca teve. Depois de desapontado ficou decepcionado. E triste. Mas continuava a querer o piano. E por isso passou a ir todos os dias, quando podia, à loja do Gepeto e acompanhar os paços da confecção do seu sonho. Num desses dias foi que descobriu que o piano era um presente para o Marco. E passou a detestar vê-lo no pátio do colégio. Mas esquecia dele naquelas tardes ajudando Gepeto. Trabalhava com tanta dedicação e sem receber nada que sonhava de madrugada que o piano era seu. E sofria um bocado quando era lembrado, vendo o pai de Marco na oficina, que o piano não era seu. Com tanta ajuda que teve, Gepeto terminou rápido. E teve que guardar na oficina ainda por um tempo o presente de Marco, que nunca foi à loja. E Lídio passava lá toda as tarde, aprendendo a tocar, ouvindo o som, tirando a poeira, pedido pra lustrar. Faltavam poucos meses, dois ou três, para o aniversário, quando piano iria embora e Lídio decidiu não ir mais lá trás, até que visse o piano estando na loja, mas ir tocar nele nem vê-lo de perto. Lídio sabia que iria sofrer bem mais se continuasse a alimentar o sonho de que o piano ficaria, que iria para a sua casa. O piano não é meu, não vai ficar comigo, vai ser mais fácil se me acostumar desde agora, pois cada vez o quero mais
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Milho-homem

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Eu pessoalmente nunca fui bom de leitura.. eu confundo as palavras, troco as letras... quiseram atém me reprovar na alfabetização. E daí que trocando entre uma janela e outra li isso aí: Milho-homem. Depois de viajarmuito por cima das idéias, meio de longe, sem encostar em nenhuma - não como quem olha uma mulher na praia, porque aí quase se encostam osolhos, mas como quem olha o mar e horizonte e que não vê nada mesmo. Pois foi uma sensação de deslumbramento parecida... Milho-homem não trás de fato nenhumaidéia mas sempre um sentimento de que isso significa algo interessante, talvez até divertido, sei lá... depois de muito lembrei de algo concreto: o visconde de sabugosa
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